sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

GALO DE BARCELOS "CANTA" SOBRE O EMPLASTRO DE BOLIQUEIME

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PROSA GULOSA

Os portugueses têm o presidente da república que não escolheram. Nas eleições presidenciais de há dias atrás os eleitores deixaram claro que estão fartos de tanto do mesmo, que estão fartos destes pulhas políticos que oferecem como alternativa à trampa que representam, diarreia, em vez de caca sólida e compactada, ou vice-versa. Mas merda, indiscutivelmente, é o que resulta sempre. Desse pivete já estamos fartos e deixámos bem explicito isso mesmo nestas eleições em que proclamaram "democráticamente" a eleição de um PR que representa um quinto ou menos da população eleitora de Portugal.

Mesmo retirando a carga negativa que representa a eleição do presidente de uns quantos portugueses, poucos, decerto que vamos passar os próximos cinco anos de vigência do mandato de Cavaco a retorcer-nos por afinal não escutarem a vontade dos que por desprezo às propostas eleitorais assumiram a responsabilidade de expressar a vontade de repudiar mais do mesmo, tanto do mesmo. Mas a Máfia Democrática dos partidos políticos e afins está de pedra e cal para se servir do povo e do país e fazer valer esta democracia aparente que lhe traz imensas vantagens e que cada vez mais tem tendência a globalizar-se e a ter no seio a presença e aderência de ditadores disfarçados de defensores da democracia. Isto, assim, não é nenhuma democracia. Ponham as mãos na consciência. Por essa razão as maiorias optam por não votar. É semelhante a darem a escolher entre Al Capone e Barone (Barão), Salvatore Lo Picolo, o padrinho da “Cosa Nostra”, da Sicilia.

Regionalmente as prosas de opinião trazem o ridículo de Portugal ter um PR que foi eleito por 23 por cento dos eleitores, com “maioria” – dos eleitores que votaram, cerca de 4 milhões em quase 10 milhões. Prosas gulosas que referem os caciques dessas regiões. Bem à moda salazarenta. O que condiz com Cavaco Silva, o filho do “Teodoro da Bomba”, de Boliqueime.

Aqui vai a prosa, como canto do Galo de Barcelos, coisa do povo.

Política à nossa moda
Do Emplastro de Boliqueime ao Araújo de Barcelos

AVENTAR – 3 de Fevereiro de 2011

Muita coisa se tem dito e escrito sobre Cavaco Silva. Que para ser Salazar só lhe faltavam as botas, creio que terá sido um chiste atribuído à elegância linguística de Mário Soares. Que os seus governos, com Oliveira e Costa e Dias Loureiro, não passavam de uma espécie de gruta de Ali Babá e os 40 ladrões, não será mais que uma alegoria com pouco sentido. Que Cavaco pouco percebe de finanças e tirou o curso de Economia “numa embalagem de farinha Amparo” é apenas um paradoxo do Inimigo Público.

E quando, parafraseando Kennedy, Cavaco poderia dizer “não perguntem como seria eu sem o país, perguntem como seria o país sem eu”, pensar-se-ia que, sem o conservadorismo paroquial da personagem, Boliqueime poderia muito bem ter, por exemplo, o maior bordel da Europa e deixar de ser conhecida como a terra do Aníbal, o filho do Teodoro da bomba. Mas o nosso homem é rigidamente casto. Venera a mulher, se ela é económica e virtuosa. Chama-se Maria, “a sua senhora”. Maria! E nada mais sugestivo que o tom levemente lânguido com que Aníbal pronunciaria um conhecido slogan adaptado ao quotidiano da vivenda Mariani: “Maria, lembra-te disto, quero em casa Bom Petisco”. E a Maria, presa a uma miserável reforma de 800 euros mensais, economicamente dependente do marido excelso, que remédio tinha senão colocar a proletária conserva ao dispor da frugalidade puritana do seu amado Aníbal. Oh! quanta ternura neste quadro familiar!

Uns pormenorezitos apenas destoavam nesta figura hierática e solene, que o aproximavam do comum dos mortais – mastigava de boca aberta e, em público, exibia um esgar de dentes ostensivamente à mostra, garantindo que “branco mais branco não há”. A fazer lembrar o Emplastro, depois que apareceu na TV com uma dentadura nova. E daí que os maledicentes do costume o designassem metaforicamente e com desdém como “o Emplastro de Boliqueime”.

Ora, o nosso “herói” acaba de ganhar as eleições presidenciais com uma maioria absoluta de 23% de eleitores! E logo choveram hossanas analíticas das luminárias do costume perante tão espantosa vitória. Do PSD de Barcelos de imediato, em comunicado assinado por Domingos Araújo, “la crème de la crème” da política concelhia. Assim e para começar: “No dia de hoje, o povo de Barcelos (…) deu uma lição de civismo democrático”. Ora, até aqui, dizia-se que nunca este politólogo da paróquia se dignara conceder aos “indígenas” a esmola de uma ideia que fosse. Mas há sempre uma primeira vez.

E esta imagem, fecunda e sólida, do povo de Barcelos a “dar uma lição de civismo democrático”, ter-lhe-á saído espontaneamente, assim a modos de um ataque de tosse, quiçá de um arroto. Com a naturalidade das coisas simples. Ou, se preferirem, com a simplicidade das coisas naturais. Mas sempre possuído da sublime ambição de “só produzir verdades absolutamente definitivas, por meio de formas absolutamente belas.” Como foi o caso. Que bonito! Mesmo assim, ainda há quem diga, que o cérebro de Domingos Araújo estava admiravelmente construído e mobilado. Só lhe faltava uma ideia, uma ideia apenas que o alugasse para viver e governar lá dentro. Ora, se faltava, já não falta. Porque a ideia jorrou, torrencial e incontrolável, galgando as margens do cérebro e espraiando-se numa escrita jucunda. Leia-se e reflicta-se. A votação concelhia de Cavaco permite notar, diz ele, “um claro desencanto com a acção da actual Câmara PS e do seu Presidente (…). Isto porque nas Autárquicas, foi possível passar a mentira da redução do preço da água em 50%, mas agora não foi possível passar as muitas mentiras que se criaram sobre o candidato presidencial apoiado pelo PSD”.

Só agora e ao reflectir sobre isto, me dei conta que este homem tem sido ignobilmente vítima da incompreensão dos génios. E agora, que se abriu a todos nós na plenitude das funções da sua inteligência superior, atrever-me-ia mesmo a dizer que, até aqui, nunca homem algum traduzira um pensamento tão original com o mais calmo e soberbo desassombro. Lembro-me vagamente de, quando adolescente, ter visto um filme chamado “Camões” onde, às tantas, o épico apanha uma flechada num olho e continua a matar mouros como se nada fosse enquanto, alegre e contente, gritava: “Não faz mal, é por Portugal”. E pareceu-me ouvir, vindo do fundo da alma como do fundo de uma treva, o grito irreprimível: “Só é cego quem não vê. É pelo PSD”. Com a intensidade e o brilho de que só os génios são capazes. E nem todos.

**Luís Manuel Cunha. Publicado originalmente no Jornal de Barcelos de 2 de Fevereiro de 2011.
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2 comentários:

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